Se antes a preocupação dos moradores de São Paulo entre novembro e março era como fugir das enchentes e alagamentos causados pelo excesso de chuva, no verão deste ano a dor de cabeça foi causada pelo motivo inverso: uma seca histórica que baixou os níveis dos reservatórios de água em todo o Estado e criou uma ameaça iminente de racionamento.
O Sistema Cantareira, que abastece 61% da região metropolitana - incluindo boa parte das zonas Oeste e centro da capital - atingiu sua pior média – chegando ao patamar inédito de 8,8%. Muitas das represas já secaram, obrigando o governo a começar emergencialmente uma obra de 80 milhões de reais para captar a reserva técnica ou volume morto como é normalmente chamado. A qualidade da água foi questionada pelo Ministério Público do estado, que teme que ela possa ter resíduos nocivos à saúde, como metais pesados. O governo paulista nega e diz que já realizou todos os testes necessários.
O IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) aponta soluções para países onde há água de sobra, mas o recurso é mal utilizado. Entre elas, o tratamento de água da chuva. Também é preciso acabar com o desperdício. Enquanto 40 de cada 100 mililitros de água tratada no Brasil não chegam aos consumidores, em países secos a captação beira a perfeição.
Em Israel, onde desertos tomam 60% do território, a água do mar é dessalinizada, a irrigação é por gotejamento (gotas são aplicadas diretamente na raiz) e sensores avisam quando canos vazam. Resultado: nem 5% da água é desperdiçada.
Enquanto isso, no Brasil, dada a incapacidade mencionada acima e a falta de transparência dos órgãos reguladores, só nos resta rezar para São Pedro.

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